Há quanto tempo o carteiro não chega na porta da sua casa e entrega um envelope selado, com remetente e destinatário escritos a mão? O velho hábito de escrever cartas está caindo em desuso e poucos são os resistentes que ainda cultivam o hábito de escrever, postar e aguardar a esperada resposta...
A antiga troca de correspondências está fadada ao desuso. Até a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) teve que se adequar as novas demandas. Hoje, menos de 3% do volume médio de cartas comerciais e não comerciais são distribuídas, diariamente, no Rio Grande do Norte.
Ao contrário de uma maioria que considera perda de tempo, o ritual de escrever e aguardar a resposta em envelope fechado e selado é cultuado por alguns resistentes - que também usam a frieza do teclado - para atribuir maior humanização às relações pessoais. Fato é que parar e escrever, à mão, com a caligrafia carregada de individualismo, tem sido substituído ao longo dos tempos pelas letras mecânicas dos computadores (como aqui nessa matéria).
Carteiro há 33 anos, Flávio de Santana, 52 anos, também sente as mudanças que a agilidade nas comunicações causa ao seu trabalho. "Há 30 anos a gente carregava mais carta e revistas. Hoje 99% é de boleto bancário e material promocional de empresas. Cartas são cada vez mais raras". O carteiro que perfaz cerca de seis a dez quilômetros por dia com uma carga de 8 a 10 quilos, acredita que apenas para os românticos a substituição da carta pelo e-mail e redes sociais pode causar impacto.
A estudante de Engenharia do Petróleo e Gás Mariela Mendonça das Chagas, 27 anos, é uma das poucas de sua idade que mantém o hábito de escrever cartas. A troca de correspondência - em papel e com letra redondinha - com amigas de infância, que moram nos Estados Unidos e na África é frequente. O costume é conservado desde que morou, por 13 anos, nos EUA e mantido após a volta à Natal, em 2008. "Antes me correspondia com as amigas daqui. E hoje é o inverso", conta ela que guarda todas as cartas e mimos trocadas ao longo dos anos. Isso não impede do uso de e-mails, redes sociais e conversas ao telefone.
Mesmo sem a censura, o serviço no Brasil não recebe aplausos. Segundo a estudante, dependendo da correspondência - se carta simples ou caixa com lembranças/encomendas - a entrega no país norte-americano varia de 15 a 45 dias. O retorno, às vezes, chega a ser maior. "Ainda é muito precário. Atrasa muito, principalmente a distribuição depois que chega ao Brasil", disse.
Volume de cartas cai - O gerente da agência dos Correios da avenida Rio Branco, no Centro, Leonardo Henrique Pereira de Lima, estima que menos de 1% da média de 20 mil correspondência/mês que circulam na agência são de cartas não comerciais de pessoas físicas. Ainda assim, a maior parte é para participação em promoções de empresas que oferecem prêmios.
Correios em números
* No último ano, no Rio Grande do Norte, os Correios movimentaram um grande volume de correspondências.
* Cartas simples, faturas extratos, formatos grande e pequeno: 80.573.841
Direta Postal e o Impresso Especial (revistas e etc): 7.451.354 * Malotes:403
* Sedex: 467.867
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